Sector do Calçado: Depois de criar 9000 postos de trabalho, depara-se com a falta de mão de obra!!!
O Sector do calçado em Portugal está melhor do que nunca, as exportações estão a crescer 6%, dados do primeiro semestre deste ano. Desde 2010 foram criados 9000 postos de trabalho, no entanto agora o sector depara-se com a falta de mão de obra especializada para poder continuar crescer. Sendo uma das prioridades a atracção de jovens para a indústria do calçado.
A indústria do calçado português é responsável pelo fabrico de grandes marcas internacionais, agora tem como desafio fazer uma marca própria, usando todo o know how, este é um dos grandes objectivos de Luís Onofre para a indústria nacional agora que preside a APICCAPS.
Segundo Luís Onofre a fileira do calçado em Portugal é enorme e variada. A nível desportivo seremos, provavelmente, dos melhores do mundo. Tal como nos distinguimos no calçado de segurança. A apostar no segmento de luxo, ainda existem poucos. Uma das prioridades de Onofre é a indústria 4.0 que abarca diversas realidades, inovação, desenvolvimento de novos materiais e de novos equipamentos com grande foco no digital, não só na criação de lojas online, mas também dando particular atenção à comunicação e marketing digital. Existem diversas empresas na vanguarda da tecnologia, mas ainda existe muito a fazer.
A indústria portuguesa de calçado está bem viva e tem-se vindo a adaptar às novas exigências do mercado. No próximo ano Portugal vai receber o Congresso da União Internacional de Técnicos da Indústria do Calçado (UITIC), que terá a presença de 400 técnicos internacionais.
Luís Onofre diz que actualmente a grande pedra no sapato é a falta de mão de obra no sector. "As pessoas que temos são poucas o que nos obriga a recorrer a horas extraordinárias, e temos até tentado sensibilizar o Governo para que as horas sejam um prémio para os funcionários e não taxadas da forma injusta que são. Estamos todos de acordo, mesmo a nível sindical. Se as horas continuarem a ser taxadas desta forma injusta os funcionários não as querem fazer e eu tenho de os compreender. Espero que haja uma sensibilização nesse sentido, é algo em que o Governo devia pensar".
Para além da já referida falta de mão de obra o sector tem outras áreas que necessita de melhorar, como é o caso da logística, com a sazonalidade do sector porque a produção de inverno tem de ser entregue toda em Julho e Agosto, depois existe um período morto até entrar a nova colecção. Na altura de grande produção, não existem mãos a medir para conseguir responder às encomendas, tendo a indústria de recorrer às horas extrordinárias. Outro factor negativo é o absentismo que é bastante elevado, existem linhas em que falta uma pessoa e que toda a produção é posta em causa tendo de parar, refere Luís Onorio na entrevista ao Dinheiro Vivo.
A enorme aposta nos Estados Unidos
Apesar das recentes mudanças políticas nos Estados Unidos, a aposta naquele mercado é para continuar pois os americanos gostam daquilo de bom que se faz na Europa, daí a grande campanha que está a ser preparada para conquistar aquele mercado. O "ataque" ao mercado norte americano será feito no final do próximo ano, onde poderá ser feita uma feira própria, algo dedicado ao calçado de luxo. Poderá ser feito algo com os italianos, unindo esforços de forma a ganhar escala.
Exportações do sector
Para a União Europeia, as exportações registaram um acréscimo de 5,2%, sendo o maior comprador a França (onde subiram 4%, para 202 milhões de euros), seguido da Alemanha (mais 8%, para 181 milhões de euros) e a Holanda (mais 6%, para 136 milhões de euros).
O saldo comercial com o gigante do sector é positivo, a Itália comprou no primeiro semestre, a 27 milhões de euros em calçado nacional, enquanto as importações ficaram na marca dos 24 milhões.
Portugal exporta 95% da sua produção de calçado, sendo o mercado fora da europa o que mais cresce, mesmo antes da grande campanha que se está a preparar para os Estados Unidos, o mercado americano cresce 7% para 35 milhões de euros. A Rússia (mais 32%, para 13 milhões de euros), Canadá (mais 30%, para 12 milhões de euros), Angola (mais 126%, para 11 milhões de euros) e Japão (mais 6%, para 11 milhões de euros).
Desde 2009, as vendas de calçado português nos mercados internacionais teve um crescimento de sensivelmente 60%, passando de 1.200 milhões para praticamente 1.950 milhões de euros em 2016. Este ano prevê-se o número histórico das exportações, batendo todos os recordes.